segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Fashion Noivas" - FASM! (Graziele Turati e Bruno Andrade)


Release para o Fashion Noivas 2011
Século XVI ao Século XXI - do pudor ao fetiche.

Desde tempos perdidos na memória do ser humano, a mulher deseja se sentir única e especial no dia do seu casamento. Nas diferentes culturas e com inúmeras estéticas, o traje de noiva, foi, é e será uma peça fundamental dentro de todo o ritual. Criado e recriado, o traje busca, mais que eternizar a imagem da noiva, busca também um significado. Pensando nisso o tema do nosso Projeto "Fashion Noivas" tem por objetivo abordar dois extremos: Século XVI ao Século XXI - do pudor ao fetiche.
Durante muitos séculos os pais "prometiam" seus filhos em casamento e era tradicional que as moças se casassem virgens logo após terem a menarca. Os casamentos em si não eram por amor, mas por interesses políticos e financeiros.
A burguesia em meio ao Século XVI deu início à competição de aparências, sendo indispensável o uso de corpetes, afinal cinturas finas eram símbolo de fragilidade, e os quadris amplos, sinal de fertilidade. No século posterior introduziram-se sapatos de saltos altos com a intenção de as mulheres não sujarem a barra de seus vestidos.
Meados do século XVIII e XIX o pai fazia a apresentação formal da filha para a sociedade em um grande baile de gala, e o propósito era que suas filhas conseguissem um bom partido. Quanto às moças, era necessário que mantessem o pudor imposto pela burguesia, mas ao mesmo tempo tinham de ser sedutoras, cativando assim o seu futuro par.
Nestes bailes haviam grandes chapelarias, e a entrada das moças era triunfal. Usavam uma "Capa de Ópera" para cobrir o belo vestido, esta, era de cor escura e por dentro forradas com uma cor vibrante.
Usavam-se amplas crinolinas, extremamente pesadas e feitas dos mais inusitados materiais, desde ferro até madeira. Tal armação não dava mobilidade ao corpo e sua vasta dimensão dificultava aproximação dos rapazes. Aos poucos estas armações foram perdendo a dimensão e tal volume passou para a parte de trás do corpo, transformando-as em anquinhas e, junto a elas tinha o uso de chapéis muito grandes, alguns assumiam o formato semelhante à um sino, o que dificultava a movimentação e aproximação das moças com as outras pessoas.
Grandes marcos históricos como a Revolução Industrial influenciou na maneira de vestir do século seguinte.
A mulher aos poucos conquistou seu respeito e posição social, e, deste período para cá a variedade de modelos de roupas foi imensa e junto com eles vieram diversos estilistas, mas iremos apenas ressaltar a estilista Vivienne Westwood que, no início dos anos 70 inaugurou a primeira boutique com artigos eróticos, a Sex.
O espartilho não é mais visto só como uma roupa íntima, os calçados de salto alto não são usados no intuito de não sujar a barra dos vestidos, assim como meias e roupas de baixo não fazem parte só da toilette, mas sim de um desejo das pessoas por artigos deste novo patamar.
Quanto ao nosso projeto, resolvemos abordar este tema pois a virgindade e os valores femininos para com a sociedade vem sendo muito questionado entre os jovens e suas famílias. Muitos alegam ser coisa do passado esta preocupação de se guardar para uma só pessoa, mas em contraposição, muitos acham que isto não é algo primordial deste século. Se é ou não obrigatório manter estes valores em pleno século XXI, não cabe a nós afirmar. A única coisa que sabemos é que, toda mulher tem o seu desejo próprio independente da pressão externa que sofrem e, casando ou não virgens, toda mulher tem seus fetiches e sonhos. O nosso look traz a pureza contida nos séculos passados e a ousadia e idéia de fetiche iniciada na Década de 60. Para isso, selecionamos ao longo dos períodos indumentárias femininas que sejam símbolo de respeito para podermos elaborar nosso look. Estas peças, mais uma pitada de criatividade irão transmitir todo o conceito que desejamos.
O look é composto por uma capa que sobrepõe ao vestido que será exibido, esta capa foi elaborada a apartir de dois elementos: a "Capa de Ópera" e o Chapéu em formato semelhante à um sino, e forrado com flores vermelhas artesanais, pois flores desabrocham, e através delas representaremos o “interior feminino” se desabrochando. Estes dois elementos fundidos tem o dever de simbolizar a pureza, e para isso escolhemos um tecido de o algodão, a sarja, pois ela tem uma gramatura ideal para sobreposição de tecidos sem que dê transparencia de cores. A capa é forrada de vermelho e o tecido é de poliéster, pois não queriamos nenhuma fibra pura. No intuito de elaborarmos um trabalho rico em detalhes, o fechamento da capa é dado por cadeados, ao todo, sete cadeados, pois o número sete é o número da perfeição (posto que Deus criou o mundo em Sete dias).
O buquê é feito em uma base de madeira que se abre, e sua estrutura é em arame e correntes, e as flores são de organza de poliéster vermelha feitas artesanalmente. O buquê se abre, assim como uma mente se abre a novas idéias, e assim como uma mulher pura se abre ao desejo.
Queremos que as pessoas vejam o que há por baixo de um belo e farto vestido de noiva. Nossa modelo exibirá os seios nús e usará apenas uma caleçón vermelha por trás do vestido que é inspirado em duas peças da toilette: o espartilho e a crinolina.
A parte superior do vestido (espartilho) é fechada por sete cadeados, pois o fato de abrir e fechar nos remete ao fetichismo, e o número sete como citamos anteriormente, é o número da perfeição. A saia do vestido é uma armação de crinolina e em seus entremeios possúem correntes. Esta crinolina irá reforçar a idéia dos extremos: ela é ampla e impede a mulher que a usa de se aproximar fisicamente das pessoas, principalmente do sexo masculino, mas, da mesma maneira que ao longo dos séculos o volume de saias e de pudor foi dimunuindo, nossa saia segue a mesma linha de pensamento. Com a ajuda de damas de companhia ela retrai o volume de seus elos, e depois ela se encolhe, diminuindo significativamente seu comprimento. As correntes desta crinolina ganham um aspecto de franja, duplo, e isto faz menção às roupas das melindrosas do final do século XIX.
A escolha da madeira utilizada na roupa foi limitada, pois a espessura deve ser mínima e também
deve ser maleável para fazer os elos da crinolina e as "barbatanas" do espartilho.
É tradicional que mulheres se casem de branco, mas o sangue que corre em suas veias não é branco,
e neste sangue circulam os hormônios, e estes são responsáveis pelos desejos, e ainda que optem
viver em castidade ou então casarem virgens, nenhuma mulher é branca por dentro.
"Há uma hipocrisia entre usar branco e o interior continuar sendo vermelho."
Bibliografia:
ALMEIDA, Ângela Mendes de. O gosto do pecado: casamento e sexualidade nos manuais dos confessores do Séc XVI e XVII - Rio de Janeiro: ROCCO, 1993, 2ª Ed.
BERNARD, Malcom. Moda e Comunicação - Rio de Janeiro: ROCCO, 2003.
STEELE, Valerie. Fetiche: Moda, Sexo e Poder - Rio de Janeiro: ROCCO, 1985.

Um comentário:

  1. graaaazi, adoreiii o texto, foi muito bem escrito, com um vocabulario mto tradicional e rico de informacoes ... a medida que fui lendo, criei a imagem deste vestido de noiva e de tda forma que pensei a figura ficou maravilhosaaa ... Parabens a vc e seu colegaaa e estou na torcida para que finalmente vc possa gostar do meu diaaaaa lindo .. hahah =)
    mega bjoooooooo e mt sucesso *

    Juzinhaa

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